7.10.13

amoras silvestres


confesso que imortalizei estas amoras cheia de dores no corpo e com as mãos a precisar de uma boa dose de sabonete e até de uma escovinha para as unhas, se não mesmo de uma bela pedra pomes. vindimar cansa. mas é um cansaço bom, que vai de dentro para fora, muito diferente do cansaço de um dia passado em frente ao computador, cansaço que vai de fora para dentro.
soube bem, sem o pudor das mãos sujas e pegajosas, agarrar na máquina e fotografar a juventude que vindimou na mesma medida que gargalhou (e não foi pouco) a colher estas amoras polpudas de um negro delicioso. juventude que muito me alegrou por sair do conforto e encarar a vindima de frente, com um sorriso nos lábios e terminá-la a perceber que o melhor da vida é simples mas exige trabalho. nem mesmo esta dádiva que as silvas nos dão pelo outono, num tremendo acto de generosidade, é completamente isenta de esforço e arranhões nas mãos.

podíamos ter corrido até casa para livrar as mãos do sumo das uvas misturada com o calor da terra, mas se assim fosse não teria terminado o dia aconchegada pelo calor da manta, e pelas dores é certo, regalada com um cremoso iogurte grego recheado das melhores amoras silvestres colhidas por mãos delicadas que não estão habituadas ao peso da tesoura, mas ainda assim se comportaram à altura. 


amoras
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3 comentários :

  1. As tuas mãos são mesmo bonitas. E tudo e tudo e tudo. (L)

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  2. ..as mãos sem duvida que são deslumbrantes, o problema são as unhas, aquele fio branco...que deixou de ser branco e passou a negro!!!!

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