1.7.15

sou despistada, desorganizada e acumuladora...

... mas às vezes tenho as minhas surpresas.
Escrevi este texto no aeroporto para fintar o cansaço do último dia de uma viagem deliciosamente intensa que fiz em Março. Esqueci-me dele. Ficou perdido no memorando do telemóvel. Hoje reencontrei-o:

'Margem esquerda do Sena. De costas para a torre do Eiffel e com os olhos postos na colina de Montmartre: Bonjour! 
Bonsoir Montecarlo. Buonasera Milano. 
Pés frios a caminho do Crescente fértil, haverá calor para eles. O povo da Cleópatra à espera. 
Desconheço um cumprimento em árabe: Olá Egito terá de chegar. O enquadramento do mar vermelho com a Montanha do Sinai merece mais. Eu sei. Olá Egito terá mesmo de chegar.
O controlo apertado dos sionistas, o sabor nos lábios do Mar Morto e a coroa de Israel: Jerusalém. Ao lado, à vista desarmada a tão semelhante Belém da Palestina e ao mesmo tempo o arrepio profundo do contraste. 
Médio Oriente. Os vizinhos que não emprestam ovos.
Seguindo viagem embalada pelo burburinho russo, calcamos fronteiras. 
O rosa seco do recortado "Grand Canyon da Jordânia". Lindo. Imponente. Spaciba Petra. 
Como quem diz: Obrigada Petra. A única palavra que consegui reter de dois dias infiltrada numa corrente de russos.
De novo a velha Europa. O conforto do latim. A Verona de Julieta e a Veneza do Casanova. Arte por todo o lado. Água por todo o lado. Turistas por todo o lado. Mas aqui me confesso meu caro: Veneza tem muito encanto, mas está longe de bater Olisipo.
Um novo Buonasera Milano, agora mais rico. 24 horas de olho aberto. O Douro à espera. 
Chego de olheiras profundas, rabo dorido, cabelo despenteado (possivelmente oleoso)... mas chego feliz e bem acompanhada. Obrigada!

Já escrevi a composição como boa menina que quer ter Muito Bom no teste de português. 
Agora vou prosseguir o chá de cadeira com o Saramago e o Reis do Pessoa.'


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