7.6.16

Moderato Cantabile


'O homem decidiu-se a regressar à cidade, para longe daquele parque. À medida que se afasta, o cheiro das magnólias diminui, cede o lugar ao do mar.
Anne Desbaresdes come um pouco de pudim gelado para que a deixem em paz.
O homem voltará involuntariamente para trás. Redescobre as magnólias, as grades, e as janelas ao longe, sempre iluminadas, sempre. Tem de novo nos lábios a canção escutada esta tarde, e na boca um nome que há de pronunciar numa voz um pouco mais alta. O homem passa diante da casa.
Ela pressente-o. A magnólia entre os seus seios murcha, percorre o verão no espaço de uma hora. O homem em breve se afastará do parque. Afastou-se. Anne Desbaresdes continua num gesto interminável a supliciar a flor.
— A Anne não ouviu.
Ela tenta alargar o sorriso, já não consegue. Repetem. Leva uma última vez a mão à desordem loura dos cabelos. As olheiras estão maiores. Chorou, esta noite. Repetem apenas para ela e esperam.'
Moderato Cantabile, Marguerite Duras 

3 6 7 2 4 5 1

Aviso: Esta publicação carece de Magnólias.

1 comentário :

  1. Adorei os excertos tão bonitos! E as tuas fotos, que estão maravilhosas. Adoro Magnólias, principalmente as rosas.

    Beijinhos, Mafalda :)

    ResponderEliminar