consigo sentir o cheiro quente e fumado do omul.
já só consigo sentir o cheiro quente e fumado do omul.
a consciência subtraiu-me a recordação odorífica dos corpos suados, da atmosfera abafada, do ócio.
da expectativa.
de tudo o que me invadia as narinas à entrada de um vagão de terceira classe.
o cheiro a omul estava sempre lá, nessa mescla de odores que a consciência me levou.
mas o que recordo agora de olhos fechados é um odor limpo. sem mescla.
uma recordação que me afasta do comboio e me leva às margens do lago Baikal.
abro os olhos.
cheira a sal e sol. cheira a mar mediterrâneo.
ainda não é uma recordação.
vejo-o ali ao fundo enquanto sinto uma brisa, leve e quente.
passo os lábios na pele do meu braço, sabe a sal e sol.
vou levantar-me, ouvir o estalido do portátil a fechar-se, alisar o vestido, acertar o biquini.
enquanto desço seis andares e percorro 200 metros afasto memórias. crio novas.
mergulho.
Lago Baikal, Listvyanka
Rússia
Diário Transmongoliano - julho, 2016
As fotografias estão fantásticas, parabéns!
ResponderEliminarObrigada, Inês!
Eliminarbeijinho beijinho
Que lindas fotos, que lindas palavras, que lindo blog ☺️ E que viagem maravilhosa, imagino eu �� Vou querer voltar aqui! Sofia
ResponderEliminarSofia, gosto da tua cartografia! ;)
EliminarVoltaremos!
beijinho
Ai, as viagens!! ♥ (adorei, tanto, tanto o texto)
ResponderEliminarQue texto delicioso! E que imagens maravilhosas, Mafalda! Viajei por momentos...
ResponderEliminarUm beijinho